quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Falando de Arte

Do recorte do suporte arredondado nos vértices, ao uso da tipografia e a própria liberdade lúdica do artista ao registrar seus gestos trazem a força poética ao "O caramujo", ou seja o trabalho é composto por sutilezas minuciosas. E por que não desmiuçá-las?
A ludicidade nos trabalhos de Lucas Lopes não é somente pelas características técnicas de seu desenho, ela  é evocada também pelos temas dos seus trabalhos. No desenho abaixo a imagem é dividida em dois lados; o direito com o escrito "o caramujo" em tipo de máquina de escrever antiga e do outro lado a figura de um homem com bagagem sobre as costas. 
Escrito com a fonte Courier, semelhante a um tipo de saída de uma máquina de escrever, essa fonte nos remete a algo mais retrô, com aparência mais antiga e com estilo marcante. Este estilo retrô acontece também do outro lado da figura, pela escolha da vestimenta do personagem, um pijama estampado com motivos espaciais, apresentado com modelagem de antigamente.  Além de trajar um pijama o personagem calça possivelmente pantufas, esse personagem estaria portanto indo dormir? Ou quem sabe acordando de um sonho? Ou mais ainda este não poderia ser seu traje comum? 
Penteado, o homem transparece pela face desconfigurada, do olho caído, e pela postura murcha o peso do que carrega sobre as costas. Sem alças ou amarrilhos sobre o corpo ele transporta quatro formas circulares que fazem referencias a globos terrestres. Estes estariam pesados pelo seu peso físico ou ideológico de mundo? E quão pesados seriam se estão amarrados por fitilhos tão finos? É relevante, também, observarmos que os únicos focos coloridos do desenho é a face e os mundos dando evidência ainda mais a expressão do personagem versos sua bagagem.
O título do trabalho faz referencia ao próprio nome do animal com a ilustração; o caramujo é um animal aquático que possui uma concha. No dicionário brasileiro temos outro significado para caramujo, que é: sonso, ou seja quem tem ares e aparência de ingênuo, manso assim como nosso personagem.
Simples assim:
Lucas Lopes, 30 x 45 cm, grafite e lápis de cor, 2012.

Depois de analisar o desenho questionamentos me surgiram: 
Será que construímos nossos mundos, e depois de criá-los será que conseguimos carregá-los e qual o preço que pagamos para tal escolha?? 

Bjos Fabi


Nenhum comentário:

Postar um comentário